A web2.0 foi aceita pelas pessoas, só não foi aceita ainda pelas empresas. A segurança é o maior problema. Enquanto a nova web não mostrar que pode lidar de forma segura com as informações de empresas, não veremos sistemas B2B no formato web2.0.
Se por senso comum é inseguro manter as informações fora da empresa, imagine além disso mantê-las nas mãos de pequenas startups. A empresa não vai saber onde nem por quem estão sendo acessadas suas informações. Quando a startup for adquirida por outra empresa essas informações irão mudar de mãos. As APIs, que tanto facilitam o acesso, se tiverem qualquer falha, comprometem não somente todas as informações da empresa, mas de todas as empresas que utilizem a aplicação. E todas essas informações críticas das empresas em um só lugar vira alvo ataques hackers.
Vendo por este lado estamos muito longe de termos um ERP no formato da web2.0. Mas e se tivéssemos diversas aplicações web2.0 distintas, cada uma especialista em apenas um módulo de um sistema de gestão? E pudéssemos criar um grande mashup integrando todos esses módulos, formando assim o tão sonhado ERP da web2.0? Nossas chances aumentariam?
Por exemplo
Uma aplicação web2.0 especializada em estoque. Uma empresa cria uma conta, cadastra seus produtos e informa as quantidades. Depois pode adicionar e remover itens do estoque através de APIs, celular, etc, como um Twitter da vida. A conta criada não está vinculada à nenhuma empresa, ou seja, não tem como saber de quem são aqueles itens.
Agora outra aplicação, de vendas. A empresa cria uma conta lá também e passa a vender utilizando as ferramentas disponibilizadas pela aplicação. Pode utilizar as APIs pára automatizar as vendas também. Cada venda dispara um processo, que será a baixa do estoque lá na outra aplicação.
Pensando assim, cada módulo estaria desvinculado da empresa, o que aumentaria a segurança ao pulverizar essas informações. Módulos redundantes seriam utilizados para o caso de uma das aplicações sair do ar. A aplicação que faz essa integração toda seria desenvolvida especificamente para a empresa, com sua própria identidade visual e padrões, e poderia ser expandida facilmente para criar outras aplicações de integração acessíveis por desktop, web, celular, etc.
Os módulos poderiam ser divididos da seguinte maneira, tendo serviços web2.0 especialistas em cada item:
- Estoque: você cadastra seus produtos e pode controlar o estoque dediversas maneiras, através de requisições únicas, APIs, IM, etc… O serviço pode avisá-lo (através de API, email ou RSS) quando o estoque de um produto estiver no fim, e pode até disparar alguma ação automática.
- Vendas: uma pequena integração com a aplicação de estoques automatiza a baixa do estoque. Exportação de relatórios de vendas, telas para wap, celular, vendas por email, geração de boleto e integração com cartão de crédito agregam valor à aplicação.
- Financeiro: possibilidade de controlar diversas contas, avisos de pagamentos pendentes, integração com agenda, facilidade em inserir e quitar lançamentos, exportação de relatórios, etc.
- RH: cadastro de colaboradores, microblog, integração com suas contas em redes sociais (Orkut, Facebook, Twitter, Via6), envio de comunicados por email e rss.
- Clientes: cadastro de clientes, vendas realizadas (integra com módulo de vendas), microblog, tags, envio de malas diretas, etc.
- Administrativo: relatórios administrativos (mashups dos diversos módulos), configuração dos módulos, blog corporativo, etc.
- Compras: cadastro de fornecedores, ligação com produtos, inclusão no estoque, compras automáticas.
- Marketing: integração com ferramentas de marketing, blog de documentação das campanhas, compartilhamento de informações com a agência de marketing, brainstorming online e ferramentas para ajudar nas decisões das próximas campanhas da empresa.
Pense nisso. O verdadeiro sistema distribuído. O verdadeiro sistema em forma de serviço (SaaS). E talvez o verdadeiro ERP da web2.0. O que achas?
[BL]erp, web2.0, software de gestão[/BL]
Cara legal o seu post, mas eu não acho uma ideia muito válida, eu vejo pelo seguinte lado, você cairia ainda no contexto de deixar seus dados na mao de pequenas startups, e ainda mais, teria que pagar por todas elas e iria destribuir suas informações em diversos lugares da web, já imaginou se a empresa que gerencia seu faturamento decide quebrar e sumir do mapa? Isso afeta diretamente o desenpenho e a segurança das informações, alem de que se um serviço primordial cair, toda sua estrutura vai parar, concordo que com o ERP isso também iria acontecer, mas você teria tudo centralizado em uma só empresa especializada.
Contudo acredito que o ERP está evoluindo para nao perder mercado na web, os ERP’s hoje já utilizam do conceito marshup como por exemplo na integração com os correios para a busca de CEP.
Abraços.
André, valeu pelo comentário! Eu escrevi esse artigo há 5 anos atrás! Na época eu não conhecia nenhuma empresa que estivesse trabalhando com ERP como serviço (SaaS).
Hoje, casualmente trabalho na SAP (a maior do mundo em ERP) e o novo ERP para pequenas empresas será disponibilizado como serviço, na nuvem, exatamente como previ neste artigo.
Nesse meio tempo, recentemente escrevi outro artigo, chamado “ERP para pequenas empresas“, onde exploro um pouco melhor este cenário. Se você ainda não leu o artigo lhe convido à lê-lo e deixar seu comentário lá também.
Acredito que seja complicado para uma pequena empresa entrar neste mercado de disponibilizar um sistema ERP na nuvem como serviço para seus clientes. A preocupação será exatamente essa que você apontou, da empresa sumir do mapa. Concordo com você nisso. Neste caso, talvez seja melhor para essas empresas começarem prestando serviços menores, e conforme forem crescendo, agregando mais serviços aos sistemas ERP já consolidados no mercado.
Também escrevi há um ano atrás para o site TI Especialistas um artigo chamado “Um sistema de automação residencial na nuvem“, onde falo sobre outro mercado que pode ser perfeitamente explorado como serviço, na nuvem.
Eu vejo claramente que essa é a tendência para muitos mercados, seja de sistemas de gestão (ERP), seja na automação residencial, e outros que estão por vir.
Abraço e sucesso!
Matheus